terça-feira, 23 de junho de 2015

Grupo de mulheres se organiza para produção de panificados em São João do Glória – Muriaé

Por Rodrigo Carvalho e Fernanda Lopes
No fim de 2013 o Projeto Cooperar, superando desigualdades de renda, surgiu com a proposta de ajudar cooperativas e associações de pequenos produtores da zona da mata mineira. Patrocinado pela Petrobrás, por meio do programa Petrobrás socioambiental, o projeto busca promover a geração de renda a partir da inclusão produtiva e acesso a mercados de agricultores e agricultoras familiares dos municípios de Acaiaca, Muriaé, Divino e Espera Feliz.
Desde o início, o Cooperar prevê a instalação de três padarias comunitárias nos municípios de Divino, Muriaé e Acaiaca. Em Muriaé a parceria acontece com a Cooperativa dos Produtores da Agricultura Familiar Solidária (COOPAF). A padaria será gerenciada por um grupo de mulheres cooperadas da comunidade de São João do Glória.
Apesar dos equipamentos ainda não terem sido entregues, as mulheres da comunidade já estão com a mão na massa faz tempo. Elas vão receber equipamentos para facilitar a produção das quitandas, mas antes elas estão participando de cursos de capacitação. Já foram três etapas do processo e as mulheres tiveram oficinas que vão das boas práticas na hora de fabricar os produtos até orientações de como organizar o negócio.
Elas ainda estão no começo da preparação, tem muita lenha pra queimar antes de colocar os pães no forno. O processo pode até ser um pouco longo, mas também é muito prazeroso e extremamente necessário, porque cada fase é um aprendizado diferente e significa mais um passo em direção à padaria pronta. A nutricionista Sabrina Murayama vem acompanhando de perto essa preparação. Para ela, essas oficinas “têm grande importância para que esse projeto tenha continuidade, se realize depois da chegada dos equipamentos.” Sabrina ainda destaca a necessidade de atividades mais técnicas, como dicas de gestão de negócios, já que “as mulheres dessa comunidade têm prática na realização de receitas para seus familiares, no entanto elas não têm nenhuma experiência de comercialização, de venda, de trabalhar essas receitas em volume maior, nunca pensaram como seria essa logística. Nessas oficinas a gente tenta prepara-las para que consigam driblar algumas dificuldades que o mercado apresenta para qualquer empreendedor”.
As participantes são agricultoras familiares e os produtos que serão feitos têm ingredientes agroecológicos produzidos pelas próprias mulheres, como ovos caipiras, abóbora, mandioca, milho, entre outros, resgatando receitas que são tradicionais na região.
Segundo Nina Abigail técnica do projeto a “proposta da padaria é contribuir na autonomia e na geração de renda das mulheres, a expectativa é que os produtos sejam comercializados via cooperativa (COOPAF) para a alimentação escolar e também para feiras agroecológicas no município. Os próximos passos serão uma capacitação para definição dos preços, embalagens e estratégias de comercialização. Ainda será trabalhada a coesão do grupo, incluindo sonhos e perspectivas de cada uma delas”.
Sabrina Murayama avalia a participação das mulheres de forma muito positiva. Elas estão lá só pelo sonho, elas não viram nada acontecer ainda. Elas saem da realidade, do dia a dia e vão pra oficina para sonhar com um futuro melhor, com o que essa nova atividade pode trazer para as famílias delas, pra valorização do próprio trabalho da mulher nesse ambiente familiar. Eu visualizo isso de uma forma muito positiva, essa vontade que elas têm de apostar num projeto, de confiar na gente e se entregar para uma nova atividade que vem surgindo na vida delas”.
E a Sabrina está certa em acreditar no sonho das mulheres. A trabalhadora rural Conceição Freitas participou das três oficinas que já aconteceram. Ela, que faz delícias como bolo de casa de banana, pão integral e biscoito de nata, disse que ainda tem muita coisa para aprender e que sonha em ter o negócio próprio das mulheres da comunidade.
A diretora administrativa da COOPAF, Adriana Aparecida Ribeiro destaca que “está sendo uma novidade para elas, além de uma oportunidade de geração de renda, porque na comunidade as mulheres estão tendo dificuldade de conseguir renda direto da produção. Essa questão do panificado vem pra fortalecer, tanto no empoderamento das mulheres quanto na complementação da renda, da família. Quando trabalhamos em grupo com essas mulheres, também trabalhamos a autoestima, o diálogo e então estamos com a expectativa muito boa”.








segunda-feira, 8 de junho de 2015

BIODIGESTOR: ALTERNATIVA ECONÔMICA

Por Sandra vitória

            Alternativa agroecológica e sustentável com elementos que podem ser encontrados facilmente em sua propriedade: o Biodigestor
            Esse foi o principal tema do Intercâmbio Agroecológico realizado pelo Projeto Cooperar nessa última quinta-feira (4) na comunidade Taquaraçu, em Divino. A atividade reuniu agricultores e agricultoras da região para a troca de saberes e experiências com os técnicos do Centro de Tecnologias da Zona da Mata (CTA-ZM) e estudantes da UFV, juntamente com a professora de Solos, Irene Cardoso. Estiveram presentes também integrantes do grupo Animais para Agroecologia e do grupo Saúde Integral em Permacultura (Sauípe).
            Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o sistema Biodigestor, através do vídeo reproduzido por um dos representantes do Projeto Biodigestor: uma tecnologia social no Programa Nacional de Habitação Rural - PNHR. O vídeo, publicado em 2014 pela Diaconia, contém informações sobre as etapas de construção e o manuseio desse sistema.

            O processo de construção é bem simples. A matéria prima necessária é o esterco de boi, de galinha ou de porco. O Biodigestor é capaz de gerar o mesmo gás do botijão, fazendo com que a família economize em média o equivalente a um botijão e meio de gás ao mês. A geração de energia também é feita pelo sistema, além da liberação do biofertilizante que fortalece e aumenta a produção de alimentos.
É possível ter essa tecnologia no seu quintal, veja como assistindo ao vídeo também! Clique aqui!
Na prática, os participantes puderam ver de perto o Biodigestor na propriedade do casal Luís Carlos e Maria Aparecida, beneficiários também do Projeto Cooperar: Superando Desigualdades de Renda. O debate sobre o assunto despertou interesse e possibilitou o surgimento de dúvidas, o que tornou a troca de experiências e saberes mais significativa e proveitosa.

Os resultados dessa tecnologia social já podem ser observados desde o seu primeiro uso. “É muito mais econômico e saudável, tanto para quem usa quanto para a natureza. A gente evita a fumaça do fogão à lenha e tem mais segurança com um gás natural.” – Relata Maria Aparecida que em apenas três meses de uso já garante resultados positivos. Uma das integrantes do grupo Animais para Agroecologia relatou que esse processo ajuda também a valorizar a presença do gado no campo, entre outros animais, como suínos e aves.
Sobre a viabilidade que a alternativa assume, “basta ter criatividade. O sistema pode ser utilizado como combustível e energia elétrica, além de várias outras possibilidades.” – observou Felipe Peixoto, integrante do grupo Sauípe.
Para muitos, os Intercâmbios Agroecológicos realizados funcionam como uma escola, onde conhecimentos são trocados entre o público universitário e o público do campo. Raquel Gomes, agricultora, esteve presente pela primeira vez em um intercâmbio, porém relata que já adotou diversas práticas com as dicas que o seu marido leva para a casa. “É uma troca de experiências que acontece aqui, levamos conhecimento para a casa, colocamos em prática e tudo fica mais fácil. Estarei presente em todos.”


A atividade faz parte do Projeto Cooperar: superando desigualdades de renda, executado pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata, CTA-ZM, com patrocínio da Petrobras. O projeto tem o objetivo de promover a geração de renda a partir da inclusão produtiva e do acesso ao mercado de agricultores e agricultoras familiares, nos municípios de Muriaé, Acaiaca, Divino e Espera Feliz. Uma das estratégias de ação está ligada a ampliação da escala de produção agroecológica e agregação de valor a esses produtos.