O Projeto Cooperar realizou,
nesta última sexta-feira (22/08), o primeiro Intercâmbio Agroecológico no
município de Muriaé, no qual possibilitou um diálogo entre agricultores,
técnicos e representantes de diversas organizações. A atividade foi executada na
Comunidade de Belisário, na propriedade do casal Carlos
Alberto de Oliveira e Marly Bernadete C. de Oliveira.
No intercâmbio foi possível
conhecer um pouco sobre a trajetória da família Oliveira, que tem uma historia
peculiar uma vez que realizaram um caminho inverso do que tradicionalmente observa-se
no meio rural.
Carlos Alberto, conhecido também
como Pavão, e sua esposa Marly Bernadete foram criados no meio urbano e, mesmo
satisfeitos com a renda dos ofícios que exerciam na cidade, decidiram, após
alguns anos de casados, mudar-se para a zona rural e aprender a serem
agricultores familiares. Desta forma, já em posse da propriedade, o casal começou
a estudar as técnicas e práticas utilizadas por outros agricultores da região no
cotidiano do trabalho rural. Começaram com a criação de vacas, para a produção
de leite, com o plantio de hortaliças, morangos e pastagens e todos esses
processos são realizados sem a utilização de agrotóxicos.
Durante esse período de
aprendizagem, Carlos Alberto, o Pavão, ainda matriculou sua esposa no curso de
Agroecologia, onde Marly teve a oportunidade de aprender novos conceitos, técnicas
e práticas de uma agricultura diferenciada, sustentável e que respeita o meio
ambiente. Já faz 12 anos que compraram a propriedade e que vem, aos poucos,
estruturando uma produção agroecológica.
Esse primeiro Intercâmbio
realizado representa o retorno das atividades do CTA-ZM no município. Em
décadas passadas, a organização já realizou atividades em Muriaé, como por
exemplo, os campos experimentais de sementes crioulas, das quais ainda é
possível encontrar algumas na comunidade, como o Milho Maya.
Dentre os temas debatidos, se
destacaram a produção de caldas naturais, como a EM4 e a calda Bordalesa, afim de
combater pragas, fungos e insetos; a produção de adubo, como o Bokashi, que
leva em sua composição osso de boi queimado, farelo de arroz, cinzas de fogão e
outros ingredientes encontrados facilmente em propriedades rurais; a fabricação
do Biogel, potente adubo natural fabricado a partir do rúmen da vaca misturado
a diversos tipos de folha em um processo de fermentação.
Na oportunidade, ao ser questionada,
Marly esclareceu as dúvidas aos participantes do intercâmbio acerca da produção
de morangos orgânicos, assim como também a comercialização e renda provenientes
do seu plantio. Pavão ainda explicou como trata o seu rebanho de vacas
leiteiras utilizando homeopatias naturais e evitando antibióticos.
Ao final do encontro, foram
distribuídas aos participantes diversas sementes crioulas, estimulando a sua utilização
em suas propriedades e simbolizando o retorno da causa agroecológica ao
município.