Entre as
atividades realizadas pelo Projeto
Cooperar: superando desigualdades de renda destacam-se os intercâmbios
agroecológicos, que vêm sendo realizados nos municípios participantes desde o
início do projeto.
Nesta segunda-feira,
dia 22 de setembro, foi realizado mais um desses eventos no município de
Muriaé, na comunidade de Belisário.
O intercâmbio
aconteceu na propriedade do casal Edivaldo Araújo e Geisiane e teve como
finalidade promover a troca de experiências entre os técnicos do Centro de
Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA/ZM), agricultores e agricultoras
familiares dos municípios de Muriaé e Araponga e estudantes e professores de
agroecologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFET)
Muriaé. Este foi o segundo intercâmbio realizado pelo Projeto Cooperar no
município e já contou com um grande público, com a participação de
aproximadamente cinquenta agricultores e agricultoras familiares.
Desta vez, a
história contada foi sobre a aquisição de terra da família de Edivaldo, através
da política de crédito fundiário, onde foi possível esclarecer aos outros
agricultores e agricultoras sobre as dificuldades, entraves e benefícios
encontrados durante o processo de compra e regularização.
Em depoimento,
Silvano Araújo, irmão de Edivaldo, relatou que antes da aquisição da terra ele trabalhava
em contrato de parceria em propriedades vizinhas e, na maioria das vezes,
arrecadava para si apenas 40% da produção, além de ser obrigado a usar
agrotóxicos nas lavouras e manter-se constantemente longe de seus familiares.
Ele ainda destacou as vantagens de ser o dono da própria terra: “aqui cada um faz sua
parte, cada um tem seu horário, trabalha na hora que quer e da maneira que
quer, eu resolvi trabalhar de forma natural e meus irmãos também combinaram
assim comigo, ninguém usa agrotóxico aqui ao redor, ganhamos muita qualidade de
vida”.
Ao ser
questionado por um dos técnicos do CTA sobre a utilização dos agrotóxicos,
Silvano foi enfático, “esse procedimento deve ser dispensado para garantirmos a
qualidade de vida de todos os envolvidos na prática da agricultura.” “Nós, do
grupo do crédito fundiário, sabemos que não tem necessidade alguma em usar
agrotóxicos e não usamos em nossas lavouras, vimos bons resultados em nossa
saúde, parei com essa prática antes de “desinteirar” a família. O Round-up que
usamos aqui é a enxada!”
Na dinâmica do
intercâmbio, os participantes foram divididos em grupos e puderam visitar e
analisar distintas partes da propriedade de Edivaldo, que está em franco
processo de transição agroecológica, com o plantio de árvores nas lavouras de
café, diversificação da produção, integração de produção de hortaliças com
criação animal e completo abandono de agrotóxicos.
O intercambio
foi extremamente produtivo, já que trouxe respostas às dúvidas dos
intercambistas de Araponga, que estão vivenciando as mesmas situações no
processo de aquisição de terras pelo crédito fundiário.
A atividade é
uma iniciativa do Projeto Cooperar: Superando
desigualdades de renda, executado pelo Centro de Tecnologias Alternativas
da Zona da Mata (CTA/ZM), com o patrocínio da Petrobras através do Programa
Petrobras Socioambiental – em pareceria com a Cooperativa de Produtores da
Agricultura Familiar de Muriaé (COOPAF), Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Miradouro e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFET). Os
Intercâmbios ainda contam com os
projetos parceiros: CNPq, Ecoar e Comboio.
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