quarta-feira, 24 de setembro de 2014

“O ROUND-UP QUE USAMOS AQUI É A ENXADA”

Entre as atividades realizadas pelo Projeto Cooperar: superando desigualdades de renda destacam-se os intercâmbios agroecológicos, que vêm sendo realizados nos municípios participantes desde o início do projeto.
Nesta segunda-feira, dia 22 de setembro, foi realizado mais um desses eventos no município de Muriaé, na comunidade de Belisário.
O intercâmbio aconteceu na propriedade do casal Edivaldo Araújo e Geisiane e teve como finalidade promover a troca de experiências entre os técnicos do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA/ZM), agricultores e agricultoras familiares dos municípios de Muriaé e Araponga e estudantes e professores de agroecologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFET) Muriaé. Este foi o segundo intercâmbio realizado pelo Projeto Cooperar no município e já contou com um grande público, com a participação de aproximadamente cinquenta agricultores e agricultoras familiares.
Desta vez, a história contada foi sobre a aquisição de terra da família de Edivaldo, através da política de crédito fundiário, onde foi possível esclarecer aos outros agricultores e agricultoras sobre as dificuldades, entraves e benefícios encontrados durante o processo de compra e regularização.
Em depoimento, Silvano Araújo, irmão de Edivaldo, relatou que antes da aquisição da terra ele trabalhava em contrato de parceria em propriedades vizinhas e, na maioria das vezes, arrecadava para si apenas 40% da produção, além de ser obrigado a usar agrotóxicos nas lavouras e manter-se constantemente longe de seus familiares. Ele ainda destacou as vantagens de ser o  dono da própria terra: “aqui cada um faz sua parte, cada um tem seu horário, trabalha na hora que quer e da maneira que quer, eu resolvi trabalhar de forma natural e meus irmãos também combinaram assim comigo, ninguém usa agrotóxico aqui ao redor, ganhamos muita qualidade de vida”.
Ao ser questionado por um dos técnicos do CTA sobre a utilização dos agrotóxicos, Silvano foi enfático, “esse procedimento deve ser dispensado para garantirmos a qualidade de vida de todos os envolvidos na prática da agricultura.” “Nós, do grupo do crédito fundiário, sabemos que não tem necessidade alguma em usar agrotóxicos e não usamos em nossas lavouras, vimos bons resultados em nossa saúde, parei com essa prática antes de “desinteirar” a família. O Round-up que usamos aqui é a enxada!”
Na dinâmica do intercâmbio, os participantes foram divididos em grupos e puderam visitar e analisar distintas partes da propriedade de Edivaldo, que está em franco processo de transição agroecológica, com o plantio de árvores nas lavouras de café, diversificação da produção, integração de produção de hortaliças com criação animal e completo abandono de agrotóxicos.
O intercambio foi extremamente produtivo, já que trouxe respostas às dúvidas dos intercambistas de Araponga, que estão vivenciando as mesmas situações no processo de aquisição de terras pelo crédito fundiário. 
A atividade é uma iniciativa do Projeto Cooperar: Superando desigualdades de renda, executado pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA/ZM), com o patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental – em pareceria com a Cooperativa de Produtores da Agricultura Familiar de Muriaé (COOPAF),  Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miradouro e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFET). Os Intercâmbios ainda contam com  os projetos parceiros: CNPq, Ecoar e Comboio.

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